Certa vez uma pessoa viu o portão e se incomodou com ele. Para ela, ele era velho, mal cuidado, ou representava, sei lá, pobreza? residências indígenas, residências Terena, em sua grande parte nossas não contém muros e as casas familiares estão sempre muito próximas. É uma maneira de socializar a vida. Na cidade esse aspecto ganha outras formas, devido aos cuidados de segurança que devemos ter. O incomodo do portão maltratado fez com que essa pessoa por um tempo se animasse em reformá-lo, pensasse aquele lugar, sua arquitetura, propor um realinhamento paisagístico imaginário. Foi lá, comprou tintas, pincéis, um aparato digno de uma boa reforma. Na primeira dificuldade com a tinta, com a sujeira, com o que o ambiente lhe proporcionou, ela simplesmente sumiu na fumaça das queimadas que assombram a região centro-oeste. Talvez aquele sentimento de mudança, que essa pessoa gostaria de ver naquela paisagem, representava a mudança interna dela e não externa nossa, moradores desse espaço. Não estávamos tão preocupados com o portão naquele momento. Estávamos vivos e vívidos, sobreviventes e comemorando o fim de um caos,. A noção de pobreza e riqueza certamente movida pela branquitude, tenta impregnar nossas relações, modos de vida e noção de tempo. As cadeiras que ocupamos [tema de um outro causo]. Com a fumaça essa pessoa se foi. E essa é a pequena história da arte….